Thursday, February 17, 2005

Pelo Teatro de Lona

Pelo Teatro de Lona

1 – Apresentação

<> Há três anos o Teatro de Lona da Barra foi desmontado para que o poder público começasse as obras do emissário submarino da Barra. O próprio poder público reconhecera a importância do espaço cultural perdido, e assim prometeu sua transferência para a Avenida das Américas ou para o Cebolão. Durante estes três anos, o espaço do antigo Teatro de Lona foi tomado por um estacionamento da CODERTE, e agora é apenas o canteiro para a obra da estação de tratamento (parte do sistema do emissário submarino).

Nunca fomos “contra” a instalação do emissário submarino e da estação de tratamento do esgoto, como pessoas reunidas na Câmara Comunitária da Barra uma vez se referiram a nós. Mas é notável a importância sócio-cultural do antigo espaço (como será demonstrado no segundo tópico), e portanto urge a transferência prometida do espaço.

Em nome desta causa, dia 27 de Fevereiro terá início uma série de manifestações de produtores e músicos independentes unidos, com natureza não só de protesto mas também de proposta de soluções alternativas e mesmo de soluções em si.

2 – A Importância do Teatro de Lona

<>O Teatro de Lona da Barra manteve-se não só como o mais forte, mas também como o palco essencial para a produção cultural independente na região.

Entende-se por cultura independente aquela que se autogere, que não é fundada na iniciativa do patrocínio e do apoio, mas do próprio produtor. Assim, ela serve ao interesse cultural puro e não como mero veículo de propaganda, promoção de marcas ou campanha política.

<> Diversos eventos musicais foram produzidos no teatro de lona; várias peças de teatro foram apresentadas; várias bandas consagradas passaram por lá, como o Planet Hemp, o Tianástacia, Los Hermanos, Detonautas e Tribo de Jah; inúmeras outras atividades eram realizadas no espaço, como aulas de teatro e atividades circenses.

Enquanto independente, esta produção apresenta notável função político-social na medida em que proporciona divulgação de uma cultura alternativa à cultura de massa. Ela tem o poder de influenciar a formação do cidadão, impulsionando-o ao questionamento e conduzindo à evolução social.

Tal poder da cultura alternativa é historicamente marcante, mas não cabe aqui exemplificá-lo.

Em um meio democrático, cabe ao Estado manter ativa a produção independente, na medida em que este preza pela proteção das minorias étnico-culturais. Neste sentido, discorre o texto constitucional:

“Seção II
DA CULTURA

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.”

3 – Ações passadas

<> Antes do começo das obras referentes à instalação da estação de tratamento de esgoto que hoje ocupa o antigo sítio do Teatro de Lona, ocorreu uma reunião da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca. Representantes da nossa classe cultural compareceram à reunião para garantir a transferência do Teatro de Lona, ou outra possível solução; foram mal-tratados, mas receberam a reiteração da promessa da transferência. Mas nada foi feito.

Em reunião com o então candidato a Deputado Federal Eduardo Paes (hoje detentor do cargo), recebemos mais uma vez a promessa de um novo espaço para a Cultura Independente na Barra da Tijuca. Novamente, nada aconteceu.

4 – Hoje

<>Atualmente mantemos contato com a secretaria de cultura do município e somos bem atendidos pela mesma, mas por enquanto não temos uma resposta prática para a situação.

Nossa opção será a manifestação pacífica e contínua no local, objetivando atrair a atenção da imprensa e conseqüentemente o interesse das autoridades para a situação. Visamos também com isso manter a memória do local, que foi fundamental para o cenário independente regional como descrito acima.

As manifestações terão início no dia 27 de Fevereiro.

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